Cardápio Espeteria do Chef

Cardápio Espeteria do Chef (A4 – 21,0 x 29,7 cm – 1 folha frente e verso). 2018

Flyer Conserto pra Você

Flyer Conserto pra Você (A5 – 14,8 x 21 cm – frente e verso). 2017

Mercado Sagrado, Mercado Profano: O Encontro De Dois Mundos

Livreto Mercado Central (16 páginas; 34 x 21,5 cm; formato aberto; 1 dobra). Todas as fotos foram feitas por MBRUZZI. 2008

  • Objetivo do projeto:

    Criar uma história-conceito sobre o Mercado Central de Belo Horizonte e publicar em um livreto de 16 páginas, fazendo uso do Design Sequencial.

Livro do Desassossego - Fernando Pessoa (Fragmento 149)

  • Objetivo do projeto:

    Dividido em 3 Fases: Trabalhar a tipografia como texto e imagem e fazer uso do espaço negativo de maneira consciente.

FASE I

  • Briefing Fase I:

    Fazer 2 versões no formato A4 (frente e verso); 1 folha; para compor o fragmento 149 com o uso apenas da cor preta.

Versão 1.1

Versão 1.2

FASE II

  • Briefing Fase II:

    Compor o fragmento 149 no formato A3 (frente e verso); 1 folha, 1 dobra; uso apenas da cor preta; sem imagens.

FASE III

  • Briefing Fase III:

    Com base na interpretação do fragmento, elaborar um conceito e, a partir deste, compor o fragmento 149 no formato A3 (frente e verso); 2 folhas; 1 dobra; uso de cores e imagens liberadas.

Conceito Fase III:

O projeto foi elaborado visando a desfragmentação sugerida tanto pelo título quanto pelo conteúdo do texto. Linhas que se interceptam, espaços negativos que se comunicam, dialogando com o “acaso”. Acaso este, que acontece também na natureza citada pelo próprio autor. As cores preto e vermelho criam um forte contraste e, este, está presente no fragmento 149 (homem superior e homem inferior é o mais evidente deles). A “brincadeira” com a palavra cansar, cria uma metalinguagem que dialoga com o perfil de escrita do autor (escritor modernista).

Palavras ou frases que consideradas importantes no contexto do texto, e que poderiam passar despercebidas, tiveram sua escala aumentada ou sua cor alterada. Fernando Pessoa relata o mistério que a natureza engloba. Deixar o leitor fazer sua própria leitura, criando caminhos que podem ser interpretados como fragmentos ou simplesmente não ter sentido, assim como coisas que não conseguimos explicar: o acaso. Assim, o leitor terá mais incentivo para voltar outras vezes ao texto e criar outras imagens mentalmente (a falta de imagens no projeto é justamente para não intervir na interpretação do leitor), outras interpretações.

Como o próprio autor diz no fragmento 149: “Mas sempre qualquer coisa nos ilude, sempre qualquer análise se nos embota, sempre a verdade, ainda que falsa, está além da outra esquina. E é isto que cansa mais que a vida, quando ela cansa, e que o conhecimento e meditação dela, que nunca deixam de cansar”; ou seja, o que nos motiva a conhecer algo é o próprio fato de não o conhecermos em sua totalidade. Dessa forma, a verdade (no que diz respeito à interpretação do projeto), se estabelece como a verdade que rege as leis da natureza, que é cercada de mistérios.

Texto do Projeto Desassossego

Título: Livro do Desassossego (Fragmento 149)

Autor: Fernando Pessoa

Muitos têm definido o homem, e em geral o têm definido em contraste com os animais. Por isso, nas definições do homem, é frequente o uso da frase “o homem é um animal…” e um adjetivo, ou “o homem é um animal que…” e diz-se o quê. “O homem é um animal doente”, disse Rousseau, e em parte é verdade. “O homem é um animal racional”, diz a Igreja, e em parte é verdade. “O homem é um animal que usa de ferramenta”, diz Carlyle, e em parte é verdade. Mas estas definições, e outras como elas, são sempre imperfeitas e laterais. E a razão é muito simples: não é fácil distinguir o homem dos animais, não há critério seguro para distinguir o homem dos animais. As vidas humanas decorrem na mesma íntima inconsciência que as vidas dos animais. As mesmas leis profundas, que regem de fora os instintos dos animais, regem, também, de fora, a inteligência do homem, que parece não ser mais que um instinto em formação, tão inconsciente como todo instinto, menos perfeito porque ainda não formado.

Tudo vem da sem-razão”, diz-se na Antologia Grega. E, na verdade, tudo vem da sem-razão. Fora da matemática, que não tem que ver senão com números mortos e fórmulas vazias, e por isso pode ser perfeitamente lógica, a ciência não é senão um jogo de crianças no crepúsculo, um querer apanhar sombras de aves e parar sombras de ervas ao vento.

E é curioso e estranho que, não sendo fácil encontrar palavras com que verdadeiramente se defina o homem como distinto dos animais, é todavia fácil encontrar maneira de diferenciar o homem superior do homem vulgar.

Nunca me esqueceu aquela frase de Haeckel, o biologista, que li na infância da inteligência, quando se lêem as divulgações científicas e as razões contra a religião. A frase é esta, ou quase esta: que muito mais longe está o homem superior (um Kant ou um Goethe, creio que diz) do homem vulgar que o homem vulgar do macaco. Nunca esqueci a frase porque ela é verdadeira. Entre mim, que pouco sou na ordem dos que pensam, e um camponês de Loures, vai sem dúvida, maior distância que entre esse camponês e, já não digo um macaco, mas um gato ou um cão. Nenhum de nós, desde o gato até mim, conduz de facto a vida que lhe é imposta, ou o destino que lhe é dado; todos somos igualmente derivados de não sei o quê, sombras de gestos feitos por outrem, efeitos encarnados, conseqüências que sentem. Mas entre mim e o camponês há uma diferença de qualidade, proveniente da existência em mim do pensamento abstracto e da emoção desinteressada; e entre ele e o gato não há, no espírito, mais que uma diferença de grau.

O homem superior difere do homem inferior, e dos animais irmãos deste, pela simples qualidade da ironia. A ironia é o primeiro indício de que a consciência se tornou consciente. E a ironia atravessa dois estádios: o estádio marcado por Sócrates, quando disse “sei só que nada sei”, e o estádio marcado por Sanches, quando disse “nem sei se nada sei”. O primeiro passo chega àquele ponto em que duvidamos de nós e da nossa dúvida, e poucos homens o têm atingido na curta extensão já longa do tempo que, humanidade, temos visto o sol e a noite sobre a vária superfície da terra.

Projeto Tipográfico – Livro do Desassossego. 2007

O Caçador de Pipas

Proposta de capa para livro O Caçador de Pipas. 2006

Encarte Chico Buarque, álbum Vida (1980).

Proposta de encarte para o disco ‘Chico Buarque: VIDA’. Todas as fotos foram feitas por MBRUZZI. 2006

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